"E a vida existe e também é bonita. E se renova. Tem lados de luz."

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Fim de tarde


Sentia como se fosse a dona do mundo pendurada no vai e vem da velha goiabeira. Do ponto mais alto era capaz de ver o vento batendo na copa das árvores, assim como ele batia em seus cabelos naquele momento. Fechava os olhos, pronto, estava voando.
Ouvia o canto dos pássaros anunciando o fim de tarde (coisa que o céu laranja já denunciara), a avó batendo as panelas lá na cozinha também indicava que logo ela teria de encerrar a brincadeira.
"Agora você me empurra!", passava suas mãos na roupa velha ("de sítio") a fim de suavizar os ralados provocados pela velha corda do querido balanço. E começava a empurrar a fiel companheira de brincadeiras.
Ainda hoje, quando anda apressada pelas ruas da cidade e o vento toca seu rosto, tem aquela estranha sensação... aquela impressão de que está voando em meio aquele caos de buzinas cinzas e concreto barulhento.